sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A SANTA

Poema
A Santa
Local: A Santa (Divisa de São Paulo e Minas Gerais)
26 de Agosto de 2001. 14h 34’
Por Anderson Araújo
Depois de algumas curvas e algum tempo atrás do volante a gente chega lá. O motor do carro parece ficar pesado, mas, vagarosamente, metro a metro, quilômetro a quilômetro, consigo chegar em meu destino. Sinto um clima diferente, o vento que aqui reina tem o incrível poder de transformá-nos em discípulos. Até para os que em nada crêem. Esse mesmo vento, ao adentrar pelos espaços que sobram entre as vestes, causam-nos calafrios sem igual. Mas esses não nos remetem ao medo, mas sim, à observação da razão. Uma espécie de auto-analise para o conhecimento de nosso mais profundo Ser.
Confundo-me ao observar as plantas, chamando as malvas de folhas de abóbora e os lírios de erva calmante. O sanfoneiro que toca sem parar enquanto viaja pelas estradas de Ouro Fino, espera ganhar algumas míseras moedas que infelizmente poucos arriscam jogar numa simples bolsa arranjada com grossa costurada em panos de chão.
O sentimento de que algo especial está acontecendo vai dominado a todos. Vamos sendo impingidos por uma fé dominadora. Uns poucos agradecem. Outros tantos continuam a pedir. Enquanto outros e outros que vão chegando, tentam se aproximar mais um pouco da imagem que ali reina de maneira absoluta, ao conceder ou não há mais um pedido dos muitos que de joelhos imploram. Homens vestidos de couro, com máquinas possantes e barulhentas que chamam a atenção de todos parecem nada ter a pedir nem muito menos a agradecer. Ignorando a imagem dos milagres, apenas observam por pouco a paisagem que não deixa de ser milagrosa, porém, rapidamente voltam a sua atenção para as suas maquinas onde o que realmente parece importar é aonde o outro quer chegar com tamanha ignorância motora. Esses mesmos homens passam a registrar tudo em fotografias e imagens, parecendo ter chegado ali somente para dispersar a pouca fé de alguns de nós, que de tão insignificantes, nem em sonhos poderíamos mover uma daquelas montanhas.
Nesse mesmo momento, começo a observar as humildes senhoras em sua labuta de fé, onde tentam desesperadamente garantir o básico alimento da semana, e, tudo através de migalhas cobradas em seus caseiros e apetitosos doces.
O que intriga-me em questionamentos é se algum deles conseguem enxergar o mesmo que eu. Ver através das montanhas que por motivos óbvios chamam-se uma de O Gigante Adormecido e a outra que impera um pouco mais à frente de O Seio da Virgem. Por que nenhum deles conseguem parar por um momento se quer em silêncio para observar essas montanhas que esculpidas foram em certo momento da criação e o porque foram assim desenhadas. Será uma mensagem clara DELE dizendo... Majestoso sou eu que aqui estou!
Por que tão poucos que aqui visitam, não abdicam dos hábitos mundanos para terem a capacidade de poderem enxergar que existe algo maior por atrás dos gigantescos montes de terra, por quê?
O tempo parece mudar, a meteorologia acusa chuva enquanto Deus afirma lágrimas.
Mas e eu? Por que não consigo parar de olhar além do que as pessoas conseguem ver, por quê? Mas em minha insistência, vejo um forte brilho entre as montanhas, mas não consigo ser sensato de enxergar que é uma mina ou uma pequena cachoeira. Prefiro ver de modo diferente.. e vejo como as lágrimas de Deus.
Por que os homens não conseguem entender que Ele está aqui?
Por que não conseguem entender que o vento que nos faz tremer é seu sopro pedindo atenção, e, a chuva que nos faz rapidamente se esconder, são suas lágrimas de lamentação.
A parecida visão de óptica que até então não conseguia entender, faz com que eu veja que aquela mesma cachoeira da montanha era realmente as lágrimas de Deus e que a montanha é sua face amargurada por tanto desleixo. Chego a mais pura conclusão, que tudo isto que os leigos chamam de Mãe Natureza, sábios discernem como Deus, a mais pura e infinita beleza.Sinto-me pronto, preparado para iniciar mais uma semana, condecorado mais uma vez como o mais puro Ser e completamente absoluto de certeza que nada e ninguém pode impedir um homem que a Deus encontrou e no pódio consagra-se absoluto e infinito vencedor, por saber que agora neste momento encontra-se entre nós alguém chamado Jesus Cristo, o único e incomparável nosso Senhor.

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